Encontrei nas palavras sábias e simples de Rajneesh,em um de seu livros, o fio de Ariadne do entendimento que me ajudou a encontrar o caminho de volta e saída do labirinto. Por ele sigo agora, ainda gordinha, sim, mas, sorridente, menos rígida, mais amorosa comigo mesma, mais apaziguada, equilibrada, menos vulnerável. Bhagwan explica a distinção entre duas palavras: Individualidade e Ego.
Compreendi que Individualidade significa que eu sou única, não me comparo com mais ninguém. Deus me fez como uma individualidade, e estou aqui, bela e única, com minhas qualidades imperecíveis e imortais.
Ego é comparação. É uma invenção nossa, não de Deus. Na comparação, eu me acho mais ou menos inteligente que o outro, mais ou menos bonita, superior ou inferior,estou construindo o ego, criando o sofrimento, a ansiedade, a necessidade de compensação.
Comparando-me eu não posso ser feliz e crio problemas. Se eu parar de comparar, vou estar lá, um ser bonito e único. Rajneesh conta que uma mulher lhe disse não poder aceitar seu corpo por ser gorda. Ele frisa que esta rejeição surgiu da comparação. E pergunta: – “Por que comparar?”
A comparação com uma mulher mais magra, a fez criar angustia, desconfiança, sofrimento, privando-a de sua unidade a ponto de não acreditar que alguém possa amá-la por ser gorda.
Rajneesh lança a pergunta fundamental que me acordou e impulsionou a reencontrar o caminho do resgate da minha individualidade.
“Como você decide qual é o padrão?” E complementa afirmando : “Ninguém pode ter uma idéia sobre isso; Todos os valores médios são falsos.Ninguém sabe quanta gordura é necessária para um determinado corpo; só o próprio corpo sabe. Ouça o seu corpo, ame o seu corpo, e não se compare.”
A comparação cria problemas muito graves e a não aceitação do nosso corpo pode impedir-nos de amar e que alguém nos ame, porque não confiamos em ninguém que possa nos amar. A desconfiança sempre insuflará dúvidas: – Como ele pode me amar? Eu, uma mulher gorda? Uma mulher feia? Deve estar fingindo.
E se segue sem poder confiar em ninguém. Não confio se alguém disser que me ama. Não posso amar a mim mesma. “Como alguém pode me amar? Impossível!”
E imaginamos que a outra pessoa deve ter outros interesses,está interessada em sexo, nosso dinheiro, qualquer coisa, só não pode amar-nos. Se eu mesma não posso amar-me com este corpo, com este rosto, como ela poderá? E nos empenhamos de todas as formas a destruir o amor para provar que estamos certas, e continuamos sem ele porque a outra pessoa logo desistirá de convencer-nos do contrário. Bhagwan adverte que não sendo amadas, a idéia equivocada se fixará cada vez mais:”Eu sou feia.” E absolutamente, não somos feias!
Nada é feio no universo.
Cada coisa, cada ser, tem sua própria beleza.Uma aranha, sua teia, uma flor, o oceano, uma barata,um gafanhoto,uma estrela. Tudo é bonito do jeito que é. Mas, nós seres humanos comparamos e criamos sérios problemas, criamos distanciamento, discriminações e dor.
Rajneesh conclui dizendo que “a comparação é uma das maiores calamidades que aconteceram com a humanidade. Você é perfeito do jeito que é.” E nos exorta “Ame-se, respeite-se.”
Se deixamos de nos respeitar, quem irá respeitar-nos? Se não nos amarmos, quem poderá nos amar? Só podemos esperar dos outros, aquilo que nós mesmos nos damos. Se eu me respeito, serei respeitada, se eu me valorizo como sou, certamente verei reconhecido meu valor. Se aceito, se amo meu corpo, o outro naturalmente, também o aceitará, o amará. Se eu rejeito meu corpo, não me respeito, não me amo, como posso querer que todos se apaixonem por mim? Pretender isso é querer o impossível.
Amar-se e Respeitar-se é não comparar. Portanto, ame-se, respeite-se, não compare. Por mais difícil que possa ser no início.
Essa compreensão permitiu-me enfrentar o Minotauro dominando-o e está me ajudando a caminhar corajosa e confiantemente para fora do labirinto, respeitando-me e amando-me mais a cada passo, a cada dia. Agora quando me olho no espelho já posso dizer serena: -Estou gordinha, mas não sou feia. Sou bonita do jeito que sou!
E, para todos que nos acompanharam através da leitura, chegando até aqui, repito: - Vocês são belos e únicos, também.
